Brasileiras fazem cesárias, francesas dão mamadeira

Carmen Beer
14 min readMar 29, 2020

França VS Brasil na visão do parto e da amamentação

Estou grávida do meu primeiro filho e com mil e uma perguntas, duas delas fundamentais: que parto quero ter? Devo amamentar?

Como franco-brasileira que viveu muito tempo na França e a muitos anos vive em São Paulo, minhas referências de tudo na vida são duplas e muitas vezes contraditórias. Não poderia ter sido diferente agora que estou mergulhando no novo mundo da maternidade.

Enquanto o Brasil tem uma das taxas de cesarianas mais altas do mundo, a França pratica majoritariamente o parto normal, ainda que altamente medicado. Se no Brasil, a amamentação é bem-vista e mães o praticam sem pudor, na França conheço pouquíssimas que decidiram continuar amamentando após deixar a maternidade.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) preconiza tanto o parto normal e a amamentação por muitos motivos, entre eles assegurar a saúde e a ligação entre mãe e do bebê. Por que então práticas e opiniões tão opostas? A comparação entre dois países tão diferentes evidencia que a maternidade não escapa das construções culturais. Escolhas individuais que parecem naturais são em parte enraizadas em ignorâncias, preconceitos, e orientações do poder público.

PARTE 1: O PARTO

Brasil, onde parir pela vagina é um ato político

Mulheres foram biologicamente concebidas para parir por via vaginal (o tal do parto normal). É um processo natural, doloroso, e que pode ter consequências graves, até fatais, para a mãe e o bebê em caso de complicações. Falecimentos de recém-nascidos e das mães no parto eram comuns até o século passado. Os avanços científicos reduziram drasticamente esses riscos e trouxeram muito mais conforto para as mães com a introdução, entre outros, dos analgésicos e do parto cesáreo, um procedimento cirúrgico onde o bebê é retirado da barriga via cortes no abdômen e no útero.

A recomendação da OMS é de não ultrapassar os 15% de taxa de cesariana, e realizá-los apenas em casos especiais. Em todo caso, desaconselha cesarianas pré-agendadas sem necessidade (feitas antes da bolsa estourar e do trabalho de parto começar) para respeitar o tempo do bebê. Além da cirurgia apresentar riscos para a mãe (7 camadas são cortadas, com 9 pontos), ela significa pior recuperação após o parto, e uma certa violência contra o bebê que vem ao mundo de uma forma mais agressiva.

Apesar dessas recomendações, a cesariana é a forma de parto mais comum no Brasil e na América Latina. 55% dos partos no país são cesáreas, segundo dados do Ministério da Saúde, número que sobe entre 70 e 90% na rede privada. No mundo, o Brasil só perde para a República Dominicana. Cenas dos filmes americanos com a bolsa que estoura, o marido em pânico chamando o táxi e a mulher empurrando para parir não acontecem com tanta frequência aqui.

No Brasil, cenas como a Rachel dando a luz em Friends não acontecem com tanta frequência.

Dissuasão e desinformação

As futuras mães brasileiras com plano de saúde privado são frequentemente orientadas a ter um parto cesárea desde a primeira consulta do pré-natal.

Foi o que aconteceu comigo: consultei 3 ginecologistas pelo plano. Ao longo de consultas com média de duração de 10 minutos, nenhum médico se deu o trabalho de me explicar quais eram as possibilidades de parto; quando mencionei o meu desejo de fazer um parto normal; uma inclusive adotou um discurso de medo me chamando de “corajosa”, mas com um tom irônico de quem dizer inconsequente. “Mesmo com a dor, mesmo com os riscos para o bebê, mesmo sabendo que o trabalho de parto pode durar 72 horas, você ainda vai quer tentar?”

Um outro médico não foi taxativamente contra, mas veio com um discurso nebuloso e curiosamente desprendido: “é muito cedo pra se preocupar com isso, deixamos para tomar a decisão depois, já que muita coisa pode acontecer pela frente”. Isso porque qualquer probabilidade de “risco” é desculpa para agendar uma cesariana. Passou das 40 semanas? Cesariana. O bebê está muito grande? Cesariana. A mãe está muito magra? Cesariana. A mãe é muito gorda? Cesariana. Em vez de oferecer preparação física e acompanhamento psicológico às futuras mães que desejam o parto normal, os médicos esperam até o último momento para encontrar alguma “complicação” que colocam a mãe sob pressão para agendar a cesariana.

Médicos protagonistas e mães passivas

Ao contrário de muitos outros países, descobri que no Brasil o acompanhamento do parto fica nas mãos dos médicos obstetras, tanto no SUS como na rede particular. Hoje no Brasil, as parteiras têm um papel mínimo, ainda que tradicionalmente sempre fizeram o parto através dos milênios e das culturas. Isso explica em grande parte porque o processo vem se tornando cada vez mais intervencionista e medicado. As parteiras tendem a respeitar mais o tempo do bebê e da mãe; por sua formação, elas entendem que estão ali como assistentes, mas a mãe é a real protagonista. Quando o médico começou a intervir, a lógica foi invertida: ele por sua vez exerce o papel central. A mãe deve seguir seus protocolos e suas exigências para que ele possa fazer seu trabalho direito, colocando em prática seu conhecimento e competência para colocar o filho no mundo.

Médicos do sistema privado não querem perder tempo e dinheiro

Outra coisa que favorece a cesariana é a saúde privatizada, o que explica porque as taxas de cesarianas explodem nos hospitais privados. Os médicos do sistema privado têm uma clara preferência pela cesariana porque elas são mais convenientes, como esse episódio do Porta dos fundos ironiza. Agendar uma cirurgia que pode ser feita em menos de meia-hora é muito mais confortável e lucrativo para a equipe médica, que cobra taxas de disponibilidade que podem subir entre 10.000 a 20.000 reais, muitas vezes não reembolsadas pelo plano. Em comparação, os partos normais são demorados (podem durar 6 horas como 50), imprevisíveis (podem cair na terça de Carnaval) e humanamente mais complexos (requer tratar uma paciente a beira do colapso). Para o hospital, cesarianas agendadas são também mais fáceis de gerenciar, já que movimentam o hospital de forma muito mais tranquila e ordenada.

De tanto fazer cesarianas, os médicos já esqueceram como fazer partos normais, ou dizem que simplesmente não aprendem mais a realizá-los nas faculdades. Isso explica porque para qualquer complicação no dia do parto, os médicos não se sentem confortáveis, e empurram uma cesariana.

O síndrome da mulher Barbie

Como a prima de uma amiga recentemente respondeu quando perguntada sobre que parto ela escolheria, aqui mulheres “não são égua para parir”.

Existe a ideia no Brasil de que a mulher deve ser sempre feminina, produzida e bem cuidada. Elas são seres delicados, sob cuidado dos outros e devem ser protegidas do sofrimento quando possível. Ela não pode sair desse padrão, mesmo no dia do parto. As maternidades privadas mais renomadas de São Paulo, oferecem mimos adicionais às futuras mães, como salão de beleza e manicure para receber visitas e sair da maternidade lindas como elas chegaram. Nesses mesmos hospitais, salas de parto contam com grandes janelas de vidro para permitir à família assistir ao espetáculo. O problema é que essa visão da mulher não é muito compatível com um parto normal, onde a mulher vive um processo quase animal, que envolve dor, sangue, sujeira, gritos e choros, totalmente imprevisível e sem nenhum glamour. Nada disso entra no script da mulher perfeita.

Movimento para um parto mais humano

Diante de tantas absurdidades, um movimento para um parto mais humano está crescendo no país. Mulheres estão compartilhando seus relatos desde violências obstétricas a enganações dos seus médicos. Eu consegui o apoio que estava buscando para ter um parto normal através do coletivo Nascer: são muitos hoje em São Paulo que juntam profissionais que oferecem assistência às mães a preços mais em conta, para quem não tem condição de pagar consultas a 800 reais e partos a 20000 quase não reembolsados pelo plano. Documentários como O Renascimento do Parto no Netflix denunciam abusos e trazem outras narrativas. Na internet, existem listas das taxas de cesárias por hospital e por médicos em cada plano. As doulas estão crescendo no país para dar suporte emocional às mães, ainda que não reembolsadas pelo plano. Mas infelizmente, tudo isso ainda acontece de forma marginalizada em meios privilegiados, o que pode tornar a escolha por um parto normal e humanizado cansativa, cara e seletiva. Quem não consegue correr atrás de tanta informação, não tem condições financeiras de optar por alternativas ou não tem a sorte de encontrar as pessoas certas corre riscos de não ter o parto nas condições desejadas ou em plena consciência de suas escolhas.

A França, onde partos normais são normais

Na França, a taxa de cesárias é de 20,2%. Ainda que seja um número alto e em crescimento, as cirurgias só costumam ser realizadas em alguma situação de risco, e são na maioria emergencial, depois que o trabalho de parto começou. Quase nunca são agendadas e raramente são uma primeira opção para as mães, que o veem mais como uma fatalidade. São as parteiras que acompanham o parto nas maternidades, e o médico obstetra que acompanha o pré-natal não costuma estar presente no dia do parto. Todas as preparações ao parto são cobertas pela Sécurité Sociale — o sistema de saúde pública e universal deles.

Com peridural ou sem peridural? Eis a questão.

Lá, não existe esse debate entre parto normal e cesariana, é normal ter um parto normal. Mas nem por isso o processo é lindo e maravilhoso, e mais humanizado. O debate costuma acontecer em torno da peridural (como é chamado a analgesia na França). A prática é muito comum e a maioria das mulheres não imaginam um parto sem, mas se vêm questionando cada vez mais a generalização dessa prática e a falta de informação sobre outras opções. Hoje, muitas lutam para conseguir ter o apoio dos seus médicos na decisão de ter um parto sem analgesia. Lá também, mulheres se sentem dissuadidas e ridicularizadas por desejar um parto com menos intervenção — algumas relataram que seus médicos começaram a rir quando elas mencionaram o assunto. Por trás dessa reação, existe uma descrença na capacidade das mulheres de enfrentar a dor, uma incompreensão do corpo médico diante da recusa do avanço da ciência, e também uma relutância em acompanhar mães que necessitam de um apoio físico e emocional muito maior na hora H.

Como acontece no SUS no Brasil, a violência obstétrica é um grande tabu do qual começa apenas a se falar. O país tem taxas altas de episiotomia (corte operado na vagina para facilitar a passagem do bebê), que talvez seja a maior medo das francesas e nem sempre é justificada, com muitos relatos de mulheres contando que ele foi realizado sem aviso prévio.

Por todos esses motivos, um movimento por um parto mais humanizado e mais transparente também está crescendo na França. Lá, não existe manicures nas maternidades, mas as mulheres também sentem pressão para voltar ao normal muito rapidamente, e não são preparadas para as dificuldades e fragilidades do parto e pós-parto. Recentemente, feministas lançaram o hashtag #monpospartum (meu pós-parto) nas redes para encorajar as mulheres e contar sem filtro suas experiências, as vezes traumatizantes e nada glamour.

feministas francesas lançaram o hashtag #monpospartum (meu pós-parto) nas redes para encorajar outras mulheres a falar sem tabu da realidade.

Parte 2: Amamentação

O mistério das francesas que não amamentam

Nosso corpo se prepara a amamentar desde o primeiro dia da gravidez. A primeira coisa que vi mudar em meu corpo foram os seios. Nas primeiras semanas, eles ficam mais sensíveis e aumentam gradativamente de volume ao longo dos meses e depois de dar à luz. Os mamilos ficam mais escuros e veias se tornam mais visíveis, para ajudar o bebê a reconhecê-los e agarrá-los mais facilmente. Quando chegamos perto do final da gravidez ou logo depois do parto, começamos a produzir o primeiro leite.

A OMS recomenda amamentação exclusiva (unicamente com leite materno) durante no mínimo os 6 primeiros meses do bebê, e mista (intercalado com fórmula) até ele completar um ano. Isso porque estudos mostram que esta é, naturalmente, a opção mais saudável para o bebê e para a mãe. O leite materno é inteligente, com nutrientes vão evoluindo conforme as necessidades do bebê. Ele também contém anticorpos que nenhuma fórmula consegue reproduzir, ou tentam reproduzir artificialmente. Portanto, o leite materno defende melhor contra alergias, doenças respiratórias, facilita a digestão diminuindo cólicas, podendo também prevenir obesidade na infância e na adolescência.

A mãe também ganha, já que a amamentação provoca contrações no útero que ajudam a aparelho genital a voltar ao seu estado normal, promove perda de peso pelo esforço físico e podendo prever segundo alguns estudos câncer dos seios e dos ovários, além de osteoporose na menopausa. É claro, a amamentação também cria um vínculo especial entre o filho e a mãe, se ela for desejada e acontecer em condições não-estressantes.

Na França, a média da amamentação (mista e exclusiva) é de 17 semanas, contra as 26 recomendados pela OMS. Os dados mais recentes mostram que enquanto 70% dos bebês são amamentados no momento que nascem, a taxa desce para 38% após a saída da maternidade (na França, elas costumam ficar 1 semana) e cai bruscamente para 19% aos 6 meses. Na Europa, é o país com a taxa mais baixa, e isso mesmo depois de uma longa campanha de promoção do governo, que fez subir a taxa após os anos 2000. Ainda existe um preconceito e uma falta de apoio às mães que desejam amamentar. Ainda recentemente, mulheres relatam ser vitimas de estigma, como foi o caso de uma mãe que foi expulsa do Pôle Emploi (Centro de Emprego) por ter amamentado o filho em público.

Da onde vem essa exceção francesa? Porque a sociedade vê de maus olhos a amamentação?

Historicamente, as amas

As amas cuidavam e davam leite aos filhos da alta sociedade francesa, que estava mais ocupada com eventos mundanos

Até início do século XX na França, era malvisto pelas mulheres da aristocracia a da burguesia passar muito tempo cuidando dos filhos. A criança era antes de tudo um peso social e mais uma boca para alimentar, que as impediam de participar dos eventos mundanos. Essas mulheres se preocupavam em manter sua aparência, usando espartilhos que apertavam seus seios e que não podiam ser facilmente tirados e colocados. Por pudor, seios não podiam ser mostrados de forma alguma. Como as creches eram muito caras na cidade, as parisienses da elite mandavam seus filhos recém-nascidos para ficar com as amas, filhas de obreiros que eram contratadas para cuidar e dar o seu leite a numerosas crianças, muitas vezes mandando suas próprias crianças para o campo. O resultado disso era um descuido total dos bebês: longe de suas patroas, as amas faziam o que queriam com elas, trocando o leite materno por leite de vaca e outras substâncias absolutamente não adequadas aos recém-nascidos. Somado a uma ignorância total em relação a higiene básica, a prática na verdade fez subir a mortalidade e mal nutrição infantil.

Mais tarde, com o avanço da indústria leiteira, fórmulas foram ficando cada vez mais competentes e mães de classe média alta começaram a dar o leite na mamadeira. Com isso, a taxa de mortalidade infantil diminui e o vínculo entre mãe e filho foi restabelecido. Consequentemente, o biberon (a mamadeira) foi associada historicamente a bebês saudáveis e bem-cuidados, enquanto a amamentação foi durante muito tempo vista como causadora de mortes e doenças.

Feminismo e educação à la française

Na visão do feminismo construído por Simone de Beauvoir, a amamentação é vista como mais um instrumento do patriarcado que aprisiona a mulher no seu papel de dona de casa e mulher do seu marido. A mulher deve ser dona do seu corpo, e dar o peito não entra nessa equação. O seu peito a pertence. Como ouço muito as mães francesas dizerem, elas não são vacas de leite. Topless nas praias oh oui, filho pendurado no peito, oh non!

Na visão do feminismo construída por Simone de Beauvoir, a amamentação é vista como mais um instrumento do patriarcado que aprisiona a mulher

A educação francesa reforça essa ideia de que mães não estão a disposição dos seus filhos, como a Pamela Druckermann explica com muito humor em Crianças francesas não fazem manha. A educação à la française coloca muito ênfase na separação e no espaço vital das crianças e dos adultos. Mães e pais têm suas próprias vidas de adultos, seu próprio corpo, assim como crianças também têm uma vida e vontades próprias. Cabe a ambos entendê-lo e respeitar o espaço físico e emocional do outro. Nesse sentido, a amamentação não se encaixa muito nesse ideal. Na França, a mãe que dá o peito para seu filho quando ele já começa a estar grandinho causa visível desconforto nos outros; significa que ele não conseguiu se desvincular dos pais de uma forma saudável. Essa visão de terror provavelmente os lembra a do Robin do Game of Thrones, um menino de 5 anos que continua mamando o peito da mãe. Isso explica em parte o estigma das mães que amamentam em público.

amamentar em público causa visível desconforto nos outros

Brasil, referência mundial em amamentação

No Brasil, o normal é amamentar, ainda que o índice continue abaixo do desejado pelas normas internacionais. Com quase 40% de aleitamento exclusivo até os 5 meses e 47% de aleitamento misto até 1 ano de idade, a comparação com a França é inigualável. Poucas mães não consideram amamentar apesar das mesmas dificuldades que enfrentam. A minha mãe, brasileira, me amamentou até 1 ano e o meu irmão até os 2 anos. Hoje, o país chega a representar a maior rede de banco leite materno do mundo, com um programa tão bem-sucedido que ele se estendeu em toda a América Latina.

O aleitamento, salvo pelas novelas

Não foi sempre assim. Na década de 70, o tempo de aleitamento era extremamente baixo. As propagandas abusivas das indústrias leiteiras combinado com a ignorância levaram muitas mães a desejarem as fórmulas e introduzirem outros alimentos a partir do primeiro mês; mães pobres inclusive diluíam o leite na água, favorecendo a mortalidade infantil. Entre a década de 1970 e os anos 2000, o governo junto com a Unicef promoveu uma grande campanha em favor da amamentação, com muitas ações a nível local, regional e estadual e com uso da televisão para espalhar a notícia: a amamentação virou assunto de enredos e personagens em novelas, e foi promovida pelas maiores atrizes.

a amamentação virou assunto de enredos e personagens em novelas, e continua sendo promovida pelas maiores atrizes globais.

A figura materna acima de tudo

Diferente da França, a mãe brasileira tem uma relação muito fusional com seu filho e isso não é mal visto. Nenhuma separação do filho é esperada logo no início. De cultura latina, africana e católica, no Brasil a figura materna é carinhosa, presente, cuidadora, quase devota ao seu filho. Ainda que isso esteja mudando, existe uma certa expectativa que ela se torne mãe a 100%, enquanto as pressões sobre o pai são muito menores. A decisão de não dar o peito, simplesmente por não o desejar como é o caso na França, representa de alguma forma um ato autocentrado, que coloca a mulher antes da mãe. Isso ajuda a explicar porque amamentar em público no Brasil não é um ato constrangedor nem para as mães, nem para ninguém, enquanto as mulheres que fazem topless na praia correm o risco de parar na cadeia. Aqui, mães dão o peito no almoço de família sem nenhum pudor, mas bicos aparecendo alegremente nas areias das praia do posto 9, isso jamais.

Nem vaca, nem égua, mas sim um ser humano

A poucos meses do final da gravidez, não sei como acontecerá meu parto, ou se conseguirei amamentar. Não sou vaca, mas acredito que amamentar é importante! E também não sou égua, mas nem por isso quero me submeter a um procedimento cirúrgico violento de forma desnecessária. Em todos os casos, espero que seja por escolha minha, e que essa escolha seja feita com todas as cartas em mãos, com todo o apoio que posso ter.

--

--

Carmen Beer

French-Brazilian cultural and brand strategist, living in São Paulo. I like to write about motherhood, food, pop culture and many other things.